O TRATO GASTROINTESTINAL E SEUS SIGNIFICADOS


                         
Desde os primeiros momentos de vida a criança inicia seus impulsos demostrando o desejo de explorar e conhecer o mundo. Dentre as várias formas de o fazer ela o experimenta através do contato dos alimentos e objetos com a boca. Assim se formam seus gostos, os prazeres e desprazeres. Se aquilo que é provado está de acordo com seu gosto ela se permite engolir o alimento que segue pelo esôfago até a primeira barreira anatômica, o cárdia, que o separa do estômago. Através do estômago realiza então sua primeira aceitação do mundo exterior. 

Pelo estômago ela entra em contato com o mundo exterior permitindo colocar para dentro de si um pouco deste mundo. Neste momento aquilo que é aceitável permanece e o inaceitável, o que lhe é insuportável ou lhe causa desagrado ou até mesmo enojamento, asco, será devolvido. 

A Medicina Chinesa entende isso como a inversão do Qi do estômago e realiza o movimento contrário ao seu próprio e natural de descender o alimento e passa a colocar o inaceitável para fora através de vômitos ou refluxo do conteúdo. 

Um estômago energeticamente forte aquece, macera e descende o alimento. Um estômago energeticamente frágil não tem força para aquecer, macerar e passar o alimento à frente. Sente-se estagnado, pesado. 

O alimento aceito deverá ainda ser transformado para só então iniciar-se o processo de absorção. Segundo a medicina chinesa o baço/ pâncreas seria o responsável por essa transformação do alimento. É preciso que haja uma modificação daquilo que vem do meio externo para que o ser possa reconhecê-lo como parte de si e iniciar a sua interiorização. 

Ao nível do duodeno e graças à bile, ele impõe sobre o externo sua regra interna. Agora então é possível escolher aquilo que ele irá absorver e passará a fazer parte de seu meio interno e aquilo que seguirá em frente, durante a passagem pelo intestino delgado. Neste momento o aspecto racional, mental linear, atua separando o puro do impuro. Racionalmente ela escolhe o que pode e quer absorver e o que deve seguir adiante. Faz-se uma opção, toma-se uma decisão. 

No intestino grosso ela tem a percepção do que guardará e aquilo que ela não reterá. Aqui está o local onde se pode transcender as heranças, os preconceitos, os medos. Trabalha-se com emoções, com experiências e padrões herdados, com percepções e sentimentos.

Energeticamente o intestino grosso trabalha acoplado ao pulmão, que guarda a capacidade de entrar em contato com nossas emoções e sentimentos, que nos aproxima do alto, do que é espiritual. Após essa experiência ao final do cólon sigmóide o ser está pronto a dizer que está face à ele próprio e ao mundo através daquilo que ele experimentou, reteve e liberou. Experimentar aqui significa ter a experiência do mundo externo que passou através do mais profundo em mim, significa a vida que flui em mim, o movimento. Esta seria uma viagem iniciática e ao final dela o ânus representa então simbolicamente sua identidade. A formação do senso de identidade. Aqui ela descobre que ela e o mundo estão separados, são duas identidades distintas. Será então o final da sua experiência com o mundo. 

Há o entendimento de que nem tudo o que transita através dela faz parte dela. E que para continuar a existir ela toma consciência de que não poderá reter tudo, que há o que deixar passar e renunciar a conservar tudo o que vem do meio externo. A atuação e combinação entre o racional e o emocional, o intelecto e o coração, as diferentes inteligências em ação, definem o produto final. 

O poder de renúncia termina por definir o ser, permite afirmar sua diferença, sua individualização, sua identidade. Saber renunciar, saber escolher é o poder interno que permite avançar. 
Para escolher é necessário desenvolver uma identidade forte.  

Do ponto de vista arcaico de sobrevivência todo o trato gastrointestinal guarda em si a percepção de “falta”, de necessidade. Desde a boca existe a percepção daquilo que eu consigo “pegar” e segurar para me nutrir, o esôfago que impulsiona para frente o que eu quero para mim ou regurgita o que não consigo engolir, o intestino delgado que inicia a absorção do que é meu alimento, ou deixa passar aquilo que me intoxica, o intestino grosso que solta o controle e deixa ir o que me é impuro ou segura tudo aquilo de que necessito para sobreviver, ou aquilo do qual eu não consigo me liberar. 

O trato gastrointestinal guarda ainda a percepção de se relacionar, de estar em comunhão, pertencer, estar ao lado de, representada aqui quando me alimento, me nutro, recebo alimento e afeto, o cuidado em alimentar o outro e auto cuidado ao me alimentar, aquilo que me é tóxico no meio do qual eu desejo me separar, aquilo que me aquece e une ao outro. 

A Medicina Chinesa entende o estômago como pertencendo ao elemento terra. A terra mãe que nutre e sustenta, acolhe e aconchega. Portanto conflitos de separação também são percebidos e manifestados pelo trato gastrointestinal especialmente pelo estômago.
 
Desta forma podemos ampliar nossa visão sobre os diferentes aspectos e a dinâmica guardada pelo trato gastrointestinal de forma a incluir e associar os diferentes aspectos mental, emocional e biológico que apresentam-se intrinsecamente ligados.

por Eloá Maria Sanches

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