QUANDO A TECNOLOGIA SUBSTITUI A PRESENÇA DOS PAIS

QUANDO A TECNOLOGIA SUBSTITUI A PRESENÇA DOS PAIS

Vivemos numa época em que a tecnologia passou de ser um recurso a tornar-se um “terceiro educador” dentro da família. 
Telemóveis, tablets e ecrãs não só entretêm: tornaram-se companhia, refúgio e até “ama digital”. 

A frase é categórica: se não está presente para estimular o seu filho, para interagir com ele, então ele terá de interagir com a sua tecnologia.

A importância da vinculação precoce
Uma criança pequena não precisa de algoritmos, precisa de rostos.

O cérebro infantil desenvolve-se na interação: 
os neurónios-espelho ativam-se ao ver o sorriso da mãe, o gesto do pai, o tom de voz que o acalma ou o anima. Estas experiências vão moldando a regulação emocional, a capacidade de empatia e o sentido de identidade.
Quando essa interação é substituída por um ecrã, a criança recebe estímulos, sim, mas não recebe vinculação. O ecrã responde, mas não a olha. Reproduz imagens, mas não a valida. Oferece entretenimento, mas não contenção.

Consequências psicológicas

Défice na autorregulação emocional: 
sem um adulto que modele como se acalmar ou tolerar a frustração, a criança pode tornar-se mais irritável ou dependente de estímulos externos.

Empobrecimento da linguagem e da criatividade: os ecrãs dão respostas fechadas, ao passo que a brincadeira com os pais abre perguntas e desperta a imaginação.

Fragilidade vincular: a criança aprende que quando precisa de contacto, a resposta mais acessível é um dispositivo, não uma pessoa.
O espelhismo da “tranquilidade”
Muitos pais sentem alívio ao ver que o filho se acalma à frente de um tablet. É compreensível: num mundo de pressas, ter uns minutos de silêncio parece um presente. Mas, psicologicamente, é um alívio imediato com um custo a longo prazo: a criança aprende a autorregular-se com dopamina digital, e não com vínculos humanos.
Uma proposta diferente
Não se trata de demonizar a tecnologia. 

Bem usada, pode ser educativa e divertida. O problema é quando substitui a interação humana.
Falar-lhe, olhá-lo nos olhos, ler-lhe um conto, brincar a inventar histórias: essas são as verdadeiras apps que estruturam um psiquismo saudável.

O contacto físico, o riso partilhado, o tempo de qualidade geram um impacto que nenhum algoritmo pode reproduzir.

A pergunta não é se as crianças vão usar ecrãs — já são parte da paisagem cultural — mas sim quem quer que seja o principal espelho onde o seu filho aprenda a olhar-se: você ou um ecrã.

A tecnologia pode esperar. A infância, não.

Mónica Guerrero

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