SÍNDROME DE SALVADORA


Todos sabemos que existem pessoas, principalmente mulheres, que vivem sempre cuidando e se preocupando com os outros (família, companheiro, questões sociais, animais...).  

Pessoas que embarcam em todos os tipos de cruzadas e pelo que, à primeira vista, pode parecer admirável, mas visto através de um olhar psicodinâmico, não o são.  

É por isso que os chamamos de “salvadores”.  Porque são neuróticos afetados por uma espécie de “síndrome do salvador”.

A primeira coisa que observamos neles é que tendem a se esquecer de si mesmos, não demonstram contato com seu interior, com seus verdadeiros sentimentos e necessidades.  

Tendem a se expressar com dificuldade porque ignoram o que sentem e também sofrem grande insegurança inconsciente pelo medo do abandono.  

É por isso que toda a sua vida é uma representação, eles são como acham que os outros esperam que sejam.  Esta priorização das necessidades dos outros em detrimento das suas, embora aparentemente lhes proporcione uma certa paz e bem-estar, no fundo também gera um grande ressentimento.

Como os seus sacrifícios exagerados (que inconscientemente contam) nunca são suficientemente retribuídos, o seu rancor não diminui.

As equipes de resgate precisam fornecer ajuda, que muitas vezes não é solicitada, para criar dependências.  

São neuróticos superprotetores que antecipam os desejos dos outros, que assumem a responsabilidade por eles, etc..., buscando assim ser valorizados, amados, afirmar o seu ego, o seu narcisismo, etc.  

Em outras palavras, eles tentam comprar amor.  Mas, apesar das aparências, são pessoas que não deixam crescer os seus “protegidos”, porque precisam deles frágeis e indefesos para continuarem anestesiando os seus desconfortos íntimos com aquele “altruísmo” hiperativo.

O salvador, com sua generosidade inesgotável e sem saber atender às próprias necessidades ou pedir ajuda para si mesmo, tende a estabelecer relações íntimas disfuncionais com outras pessoas ainda mais fracas que ela, para “resgatá-las”.  

É por isso que costumam se relacionar e até formar pares com pessoas infantis, viciadas, atormentadas... Porém, como dissemos, eles irão sabotá-los inconscientemente se tais pessoas tentarem crescer.  

É vital que o socorrista se sinta necessário.  Não perca o seu papel de “essencial”.

A origem da síndrome do salvador, como a de todas as neuroses, está na infância.  Começa quando um familiar (mãe, pai, irmão, etc.), por diversos motivos conscientes ou inconscientes, obriga a criança a comportar-se de uma forma ou de outra como adulta, a assumir a responsabilidade por tarefas que não lhe correspondem, a assumir cuidados com o bem-estar físico e/ou emocional do primeiro, etc.  

A criança é então obrigada a renunciar a si mesma, a “adaptar-se” às necessidades dos outros se quiser ser aceite, sem receber ela própria a atenção e o amor de que tanto necessita... 

Torna-se, por outras palavras, vítima de violência invisível.  Alguém cuja infância foi roubada.

É por isso que o salvador tem uma autoestima muito baixa e profundos sentimentos de culpa.  

Você se sente culpado quando não consegue “fazer o outro feliz”.  Ele tem medo de ser rejeitado ou punido se não fizer o que deve aos olhos dos outros (o que ele transformou em seu).  E, embora precise de muito carinho e reconhecimento, por não acreditar que os mereça, mesmo que os encontre, será muito difícil para ele aceitá-los e aproveitá-los.  

E muitas vezes até os incomodará... O salvador é uma pessoa faminta que não sabe comer.

Portanto, é inútil repetir aos salvadores –esses grandes pacientes com esperança- que deixem de fazer esforços excessivos pelos outros.  

É como pedir aos viciados que parem de usar drogas, etc.  Estas são precisamente as únicas maneiras que conhecem, pelo menos temporariamente, de aliviar as suas deficiências!  

Na psicoterapia é fundamental que o socorrista descubra que suas exaustivas e frustrantes relações de “salvador-resgate” não são fruto do acaso ou do azar, mas sim uma repetição do que já fez na infância, quando lutou desesperadamente para alcançar o amor de sua família tóxica por meio de sacrifícios que nunca lhe corresponderam. 

Sem esta compreensão profunda e as decisões práticas que dela podem derivar, todo o resto não passará de um ciclo interminável de reclamações e sofrimento.



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