Dizer Não às Crianças

É bastante comum os pais mentirem aos filhos quando querem que eles deixem de fazer algo. Mas no fundo, o que estes pais não querem mesmo é de ter que lidar com as reações emocionais dos filhos quando lhes dizem “não”. E é precisamente aqui que tudo falha. Por um lado, porque tudo o que não é autêntico gera incongruência e isso não é compatível com uma relação de confiança e segura. Pelo outro, porque ao evitar a todo o custo estados emocionais desconfortáveis, perde-se também a oportunidade de promover inteligência emocional (identificação e regulação das emoções) nas nossas crianças. 

Primeiro ponto: É absolutamente normal e esperado que a criança não tenha uma boa reação quando ouve um “não” (isso não é nem sinal de má educação nem sinal de “mimalhice”). A tristeza ou a raiva que a criança poderá sentir precisa de adultos maduros que saibam acolher sem julgamentos estas emoções. O que não é mesmo normal nem esperado é que uma criança reaja positivamente ou de forma passiva a uma contrariedade!

👉Proposta que serve de exemplo: “Eu vejo que queres mesmo muito continuar a brincar aqui e que ir embora te deixa zangado.”; “Eu sei que gostas muito de chocolate e que não comer mais nenhuma fatia de bolo te deixa triste.”; “Eu estou a ver que queres mesmo ver este desenho animado e que mudar de canal para o teu irmão ver o que quer te deixa irritado.”

Segundo ponto: A forma como a criança expressa as suas emoções precisa de “calibragem” (vulgo, regulação) que na verdade só é possível de aprender através de adultos que saibam também regular as próprias emoções. O cérebro de uma criança até aos 4 anos não é capaz de regular as próprias emoções. A partir dessa idade, devido ao progressivo amadurecimento do cérebro, a criança vai lentamente sendo capaz de ter reações emocionais menos apocalíticas. Reparem que é também por volta dos 4 anos que as “birras” começam a diminuir de intensidade e frequência. Uma criança faz o melhor que consegue com o cérebro que tem! 

👉Proposta que serve de exemplo: “Tu podes ficar zangado, mas não podes dar pontapés no escorrega. Nesta bola podes.”; “Tu podes ficar triste, mas não podes gritar tão alto. Vamos até lá fora um pouco os dois.”; “Tu podes estar irritado e não podes bater no teu irmão. Podes bater nesta almofada ou então pedalar um pouco na tua bicicleta.”

Terceiro ponto: Usar uma linguagem pessoal quando se quer dizer “não” é fundamental! E isto remete para a questão dos limites pessoais. Dizer não porque é claramente um não para nós ou dizer não porque achamos que os outros vão achar que somos melhores pais quando dizemos que não? Para mim, claramente a primeira opção. Sermos honestos e congruentes connosco, conhecermos e comunicarmos claramente os nossos limites pessoais de consciência tranquila, não só ensina aos nossos filhos sobre autenticidade, como promove neles mais cooperação e respeito. 

👉Proposta que serve de exemplo: “Eu não quero que comas mais chocolate.”; “Eu não quero que batas no teu irmão.”; “Eu quero que pares de gritar.”

Alerta ⚠️

Praticar uma parentalidade consciente não é sobre sermos pais perfeitos ou termos filhos perfeitos. Não é uma abordagem para se conseguir que as crianças façam o que os adultos querem, de uma forma mais “delicada”. 

Neste assunto particular dos “nãos”,  praticar uma parentalidade consciente é sabermos dizer “Não” sem culpabilizar uma criança pelas suas reações emocionais e sem ferir a sua integridade física e psicológica.


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