Quando penso na adolescência visualizo alguém na corda bamba.


Se por um lado esta é a fase da excitação, da curiosidade, da exploração para lá do espaço “casa”, da procura da novidade, da adrenalina do “fruto proibido”; pelo outro é a passagem pelo túnel escuro das dúvidas, das inseguranças, dos medos, do sentimento de insuficiência, das angústias, dos dramas emocionais. 

Na mente de um adolescente vai uma grande remodelação. Uma despedida de “ser criança” com o processo natural de separação dos pais, para enfrentar o desafio da autonomia, da construção da personalidade e do encontro do seu “eu” enquanto indivíduo. 

Em volta desta fase tão complexa tudo acontece muito rápido, as pressões chegam de todo o lado, as novas experiências estão facilmente acessíveis, só que o processo de amadurecimento emocional não consegue, muitas vezes, acompanhar este ritmo. Abre-se, então, uma porta fácil para a doença mental. 

Depressão, Ansiedade, e outras perturbações surgem cada vez mais nesta idade. É certo que existe uma predisposição genética e que o temperamento do jovem são fatores importantes. Só que é a qualidade dos contextos e das relações que vai dar/ou não o empurrão para o aparecimento destes problemas. 

Diz-se que o adolescente “já não quer saber dos pais” e só ouve os amigos. Eu diria que não precisa de ser assim. Os pais continuam a ser referências importantes para um adolescente. Só que é talvez nesta fase que fica mais óbvio o impacto da relação que foi nutrida entre pais e filhos até essa idade. Um jovem pode (e bem) vincular-se aos seus pares, partilhar mais momentos com eles, viverem experiências em conjunto, só que é importante que ele saiba que tem uma base segura, uma espécie de pista de aterragem, onde pode voltar sempre que precisar de “abastecimento” (vulgo, amor incondicional) e “reparação” (ou seja, ajuda para pensar e resolver algum problema ou tomar alguma decisão importante). E essa pista de aterragem tem de ser os pais (ou principais figuras de cuidado adultas), porque se um adolescente não tiver uma relação segura e de confiança com os seus pais, se acreditar que eles o vão julgar, castigar ou ameaçar, então este filho vai procurar quem o apoie no seu grupo de pares. Vamos supor que esses colegas nos quais o jovem sente o “colo” que precisa, são consumidores de drogas ou têm por hábito se cortarem quando algo não corre bem, é bem provável que esses passem a ser as suas figuras de referência também e que o adolescente passe a adotar os mesmos comportamentos para lidar com o seu mal-estar. 

Educar é antes de mais uma missão relacional. É portanto na relação que está a solução para tantos desafios que poderão surgir nesta fase. O teu filho adolescente não precisa de ouvir sermões sobre as notas que tira, os namorados que tem, os amigos com quem sai. Em vez disso, experimenta:

- Passar tempo com ele fazendo coisas que ele gosta (shopping, cinema, desporto, culinária, mecânica, videojogo, etc.);

- Dar preferência ao que ele tem a dizer ou contar, pois os teus emails ou outras tarefas podem (na maioria das vezes) esperar; 

- Dizer-lhe o quanto te dá prazer estar com ele.

Porque os nossos filhos, tal como nós, só precisam de se sentirem importantes, amados e valorizados. 

Quando as palavras custam a sair, experimenta deixar-lhe um bilhete assim:

“Eu amo-te tal e qual como és. E a tua existência traz sentido e felicidade à minha vida.”

ZULIMA ❤️

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